21.7.05

#20

O gato branco e o homem-barata unem forças para me enfrentar. Atacam juntos, garras afiadas e perninhas marrons, sempre procurando me derrubar. Já apanhei de cada um deles só, o que dirá dos dois em conjunto. Encontro forças apenas em minhas pernas; forças para correr, ganhar distância. Mas o gato branco é ágil, é rápido, é fatal. Rebola antes de correr, e logo me alcança, me derruba. Recebo outro jato de asas e antenas em meu rosto. Não há poesia nenhuma nisso -- apenas humilhação e dor, e o nojo de sentir insetos vis caminhando o mesmo caminha que meu sangue percorre. O que fazer quando se é derrotado? Levanto-me, imundo, ensangüentado, e espero não ter que encontrar nem o gato branco nem o homem-barata pela frente no caminho de volta pra casa. Imagino que os dois devam estar em algum canto, bebericando pinga com mel e festejando a vitória, o massacre. Penso que hei de me vingar, mas não sei como. Contra estes vilões, nem a literatura me salva.